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O premiado cineasta Silvio Tendler denuncia em e-mail ao IBDD as condições precárias do transporte aéreo de cadeirantes no Brasil

Rio, 28 de setembro de 2012

“Tive um problema sério na medula e fui salvo pelo Dr. Paulo Niemeyer, que me operou, mesmo sabendo que eu tinha 20% de chances de sair vivo. Escapei das armadilhas do destino e graças a D’us, ao Dr. Paulo, e sua equipe. Agora estou cadeirante e me recupero fazendo um longo trabalho de fisioterapia. Retornei também ao trabalho, dando minhas aulas na PUC e filmando meus projetos, que, freqüentemente, exigem deslocamentos no Brasil. Essas viagens vêm me submetendo a uma longa e desgastante sabatina nos aeroportos, junto às companhias aéreas brasileiras, já que as mesmas encontram-se completamente despreparadas para oferecer um bom atendimento aos cadeirantes, mesmo em época de preparação para eventos internacionais como as Olimpíadas e as Paralimpíadas.

Na terça-feira, 04 de setembro, retornei ao Rio de Janeiro, de Brasília, no voo 5851, da Webjet, chegando por volta das 14h15min no aeroporto Santos Dumont. A bordo estavam 3 cadeirantes. Ainda assim, a Infraero se esmerou em não programar um finger para receber o avião e tivemos que aterrissar na remota. Antigamente havia um ambulift, uma espécie de caminhão que, dotado de um elevador, transportava os passageiros que necessitassem de alguma ajuda, sem risco para ninguém. Esse caminhão sumiu e atualmente as companhias aéreas passaram a adotar uma cadeira de rodas, conhecida como lagarta, que sobe e desce as escadas do avião, com desconforto, porém com alguma segurança.

No entanto, ao que parece, para ganhar tempo, as companhias brasileiras preferem desembarcar os passageiros que possuem alguma necessidade especial na mão, literalmente. Funcionários atenciosos, porém despreparados, transformam uma cadeira de rodas comum, frágil, que pode desmontar a qualquer momento, em pilão da coluna do cadeirante, pois a cada degrau o transportado recebe um sacolejo que pode ser letal e o fazem como se não oferecesse risco algum para quem descomprimiu a medula.

Mas a prova de cavalice foi vencida pelo anônimo comandante da aeronave, que se apresentou sem nenhum crachá ou plaqueta de identificação -- o que deve ser facilmente resolvido, vez que sabemos tratar-se do comandante do voo 5851 da Webjet, com saída de Brasília às 13h05min, dia 04/09/2012. Foi este funcionário de mais alto posto no avião, representante da Webjet, que saiu do alto de sua função e da cabine de comando para sentenciar a pérola: "Pessoas que não têm condições de fugir de um incêndio a bordo de uma aeronave não devem ser embarcadas. Ele tinha que ter sido impedido de entrar na aeronave lá em Brasília". Não chamou ninguém da ANAC, Infraero ou Polícia Federal, como ocorre quando o passageiro reclama sem razão. Ele mesmo filmou, fotografou e gravou o que ocorreu a bordo do avião, e me ameaçou. Pode-se pedir a gravação como prova do que relato.

O Brasil se prepara para os jogos olímpicos de 2016 e, em seguida, será a vez das Paralimpíadas. Estaremos preparados para receber os visitantes? Nós cadeirantes brasileiros podemos dizer que não. Agora cabe à Anac, à Infraero e à Webjet manifestarem-se”.

 

cineasta silvio tendler

Cineasta Silvio Tendler

 
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